No dia 2 de junho de 2025, Danielle Makio, professora de Relações Internacionais na Unesp e pesquisadora do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), comentou à Sputnik Brasil os desdobramentos da segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, realizada em Istambul. Para Makio, os avanços em pautas humanitárias — como a troca de prisioneiros e a devolução de corpos — representam uma tênue costura de humanidade no tecido rasgado da guerra.
Segundo a especialista, há um esforço visível de alinhar pontos mínimos, que tocam mais o íntimo do sofrimento humano do que os vértices frios da geopolítica. “Essas trocas avançam sobretudo no que diz respeito à questão humanitária da guerra e demonstram, sem dúvida, pelo menos uma mínima aproximação entre as posições russo-ucranianas”, declarou. Em tempos de aço e pólvora, a empatia ganha ares de luxo.
Makio observa, no entanto, que a arquitetura diplomática levantada em Istambul repousa sobre fundamentos instáveis. As exigências russas — como o reconhecimento da Crimeia e das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, além da neutralidade ucraniana — são vistas por Kiev como cláusulas pétreas do inadmissível. “As propostas que a Rússia traz nessa nova rodada de negociações refletem justamente essa tentativa de consolidação de ganhos territoriais e de limitação da influência ocidental na região, que, em contrapartida, é bastante inegociável, ou pelo menos é um tema muito sensível para Kiev”, afirmou.